O Brasil tem enormes desigualdades sociais que refletem na saúde e no tratamento do câncer de mama. Ter dados reais e embasados é fundamental para adequar a terapia desse tipo de câncer. Aqui, os dados sobre todos os tipos de câncer são divulgados pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). Segundo a entidade, apenas o tumor de mama representa 20% de todos os cânceres no País. A incidência dos tipos da doença é mapeada, entretanto, sem o registro de base populacional em todas as localidades.
A conta, feita de acordo com equação entre mortalidade e subterfúgios matemáticos, gera informação sobre número de novos casos. Tal aspecto suscita questionamento a respeito da confiabilidade de dados gerados pelo Inca sobre incidência. O ideal seria um registro de câncer de base populacional nas grandes cidades, pois teríamos dados mais confiáveis e seria possível acompanhar de maneira adequada a incidência e prevalência, além de saber se estamos avançando ou não em termos do aumento de tumores iniciais e redução dos metastáticos.
Nos últimos anos, foram criados bancos de dados secundários, que apesar de gerarem análises retrospectivas, possibilitam informações relevantes na saúde e fundamentais para políticas públicas do segmento. Como exemplos, há o DataSus, que informatiza atividades do Sistema Único de Saúde (SUS); o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que tem a população do País mapeada; e o SISMAMA, que oferece números específicos sobre o rastreamento do câncer de mama em todo o País. Com eles, as informações são mais confiáveis e úteis. E começa-se a ver como o Governo utiliza verbas destinadas à saúde, sendo possível fazer uma análise sobre o quanto somos efetivos nestas ações ou verificar o que e em qual parte do País é preciso melhorar.
A cobertura mamográfica pelo SUS, para mulheres de 50 a 69 anos, varia de 7% no Pará a 33% em Santa Catarina e no Paraná. Estes números do SISMAMA sustentam um aumento perceptível e indicam que entre 2008 e 2012 houve incremento de 12% para 26% dessa cobertura no Brasil. O aumento significa melhora considerável, mas aponta 1/4 da população feminina que deveria realizar o procedimento e não o faz; além de ser desigual entre os estados.
A desigualdade também poderia ser reduzida caso houvesse mais ferramentas para o tratamento personalizado do câncer de mama. Como exames moleculares que são mais específicos e inovadores e auxiliam não só no diagnóstico, mas ao longo da terapia, por beneficiar e selecionar mulheres que não precisariam fazer quimioterapia, e que se fossem incluídos na saúde suplementar e SUS, proporcionariam economia aos cofres públicos, principalmente em gastos com quimioterapia.
Um exemplo é o perfil genômico, que analisa 70 genes do tumor com capacidade de livrar a mulher da quimioterapia e seus efeitos colaterais, entre eles a queda de cabelo; isso em tumores de baixo risco, aqueles que têm 10% de chances de recorrer. Já os classificados como alto risco têm 29% de chance de recorrência em 10 anos. Quando utilizado, o perfil genômico pode indicar riscos de metástase, o que previne futuras intercorrências.
Em um futuro próximo, estou certo de que conseguiremos reduzir nossa mortalidade por câncer de mama, não só nos estados mais desenvolvidos, mas nos demais, com a utilização de dados mais confiáveis, diagnósticos mais precisos e tratamentos personalizados.
Fonte: Ruffo de Freitas Junior, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia
A conta, feita de acordo com equação entre mortalidade e subterfúgios matemáticos, gera informação sobre número de novos casos. Tal aspecto suscita questionamento a respeito da confiabilidade de dados gerados pelo Inca sobre incidência. O ideal seria um registro de câncer de base populacional nas grandes cidades, pois teríamos dados mais confiáveis e seria possível acompanhar de maneira adequada a incidência e prevalência, além de saber se estamos avançando ou não em termos do aumento de tumores iniciais e redução dos metastáticos.
Nos últimos anos, foram criados bancos de dados secundários, que apesar de gerarem análises retrospectivas, possibilitam informações relevantes na saúde e fundamentais para políticas públicas do segmento. Como exemplos, há o DataSus, que informatiza atividades do Sistema Único de Saúde (SUS); o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que tem a população do País mapeada; e o SISMAMA, que oferece números específicos sobre o rastreamento do câncer de mama em todo o País. Com eles, as informações são mais confiáveis e úteis. E começa-se a ver como o Governo utiliza verbas destinadas à saúde, sendo possível fazer uma análise sobre o quanto somos efetivos nestas ações ou verificar o que e em qual parte do País é preciso melhorar.
A cobertura mamográfica pelo SUS, para mulheres de 50 a 69 anos, varia de 7% no Pará a 33% em Santa Catarina e no Paraná. Estes números do SISMAMA sustentam um aumento perceptível e indicam que entre 2008 e 2012 houve incremento de 12% para 26% dessa cobertura no Brasil. O aumento significa melhora considerável, mas aponta 1/4 da população feminina que deveria realizar o procedimento e não o faz; além de ser desigual entre os estados.
A desigualdade também poderia ser reduzida caso houvesse mais ferramentas para o tratamento personalizado do câncer de mama. Como exames moleculares que são mais específicos e inovadores e auxiliam não só no diagnóstico, mas ao longo da terapia, por beneficiar e selecionar mulheres que não precisariam fazer quimioterapia, e que se fossem incluídos na saúde suplementar e SUS, proporcionariam economia aos cofres públicos, principalmente em gastos com quimioterapia.
Um exemplo é o perfil genômico, que analisa 70 genes do tumor com capacidade de livrar a mulher da quimioterapia e seus efeitos colaterais, entre eles a queda de cabelo; isso em tumores de baixo risco, aqueles que têm 10% de chances de recorrer. Já os classificados como alto risco têm 29% de chance de recorrência em 10 anos. Quando utilizado, o perfil genômico pode indicar riscos de metástase, o que previne futuras intercorrências.
Em um futuro próximo, estou certo de que conseguiremos reduzir nossa mortalidade por câncer de mama, não só nos estados mais desenvolvidos, mas nos demais, com a utilização de dados mais confiáveis, diagnósticos mais precisos e tratamentos personalizados.
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