terça-feira, 27 de novembro de 2012
Cabeça no lugar para lutar contra o câncer de mama
Trabalhar a mente para aliviar e curar as dores do corpo. A série de reportagens especiais de O DIA sobre câncer de mama trata hoje da importância de um acompanhamento psicológico para as pacientes que são diagnosticadas com câncer de mama.
“Acolhemos a mulher em um momento de grande confusão. Ela acabou de ser impactada pela notícia e, rapidamente, começa a fazer o tratamento. Nosso trabalho é ajudá-la emocionalmente a encarar essa nova realidade e, em seguida, enfrentar mudanças que a abalam muito, como queda de cabelo e retirada dos seios”, resume a psico-oncologista Laura Campos, 35 anos, do COI — Clínicas Oncológicas Integradas.
O trabalho junto à família também é fundamental, afinal, a doença tem grande influência sobre as pessoas que convivem com a paciente. “Já atendi casos em que a mulher estava de casamento marcado e descobriu ter a doença. Quando elas são casadas, também conversamos com os maridos. São eles que vão acompanhar todo o processo e, muitas vezes, a relação fica abalada. Algumas uniões terminam mesmo porque eles têm dificuldade de aceitar aquela nova condição em que sua companheira está cheia de limitações”, explica Laura. “Mas em muitas histórias eles são parceiros maravilhosos”, destaca.
A psico-oncologista Paula Ângelo, do CON (Centro Oncológico de Niterói), que há 15 anos trata esses casos, complementa: “Em grande parte a mulher está em idade sexual ativa e a primeira ideia é de que o câncer veio para acabar com tudo. Nosso papel é convencê-la de que a história pode ser diferente. Uniões estáveis não costumam ter fim por causa de um câncer”, avisa Paula.
Não são raros ainda os exemplos de mulheres que têm preconceito em relação a esse acompanhamento psicológico. “Muita gente ainda acha que psicólogo é coisa pra gente maluca”, confirma Paula Ângelo. “No entanto, quando a pessoa se abre para esse apoio, notamos que a evolução da doença acontece de maneira bem menos dolorosa”, conclui.
Apesar de algumas instituições realizarem esse tipo de trabalho com terapias em grupo, o que se nota é que as pacientes têm uma resistência em dividir suas histórias. “As mulheres preferem ser tratadas individualmente. Não querem se expor. Enquanto a família quer dividir e trocar experiências. Temos que saber respeitar isso”, pondera Laura Campos.
Profissional de uma clínica particular, ela frisa que o sistema público de saúde oferece também esse tipo de apoio com muita qualidade. “Felizmente, os serviços oferecidos pelos hospitais públicos e particulares nessa área são bem similares, com profissionais muito capacitados”, resume.
‘A ajuda psicológica foi essencial’
“Quando recebi a notícia de que tinha câncer de mama, não conseguia pensar em mais nada. Não bastava o apoio do marido, das duas filhas. Eu não queria falar com ninguém, muito menos aceitar ajuda de uma psicóloga, uma pessoa que eu nem conhecia. Mas a partir da segunda sessão, as reflexões começaram. Passei a perceber que poderia viver paralelamente à doença, valorizar as pessoas que me amavam e, com elas, buscar fazer as coisas que sempre me deram prazer. Ver um bom filme, programas corriqueiros. A ajuda psicológica foi essencial para concluir que o câncer era apenas um aspecto da minha vida e eu não poderia deixar de fazer todo o resto para me entregar a isso. Hoje já fiz a reconstrução dos seios, estou bem, mas continuo com minha psicóloga para entender isso que aconteceu comigo e tudo o que vem pela frente”. Elizabeth Moura, bancária, 51 anos.
Fonte: IG
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