De acordo com a dermatologista Thaís Grazziotin, as pessoas com maior risco do tipo não melanoma, forma mais predominante e menos agressiva do câncer de pele, geralmente são as que apresentam também mais chances de desenvolver o tipo mais grave da doença, o melanoma cutâneo. O que explicaria essa relação é a semelhança entre os fatores de risco.
— Quem tem pele branca e sensível é mais suscetível à ação mutagênica pela radiação ultravioleta porque possui menor proteção da melanina — explica a especialista.
Para Thaís, indivíduos com essa característica física são as maiores vítimas do câncer do tipo não melanoma, que atinge a camada mais superficial da pele e se manifesta em sua maioria, através de feridas que não cicatrizam, manchas avermelhadas ou feridas que "escamam" ou sangram.
No entanto, o maior perigo está no melanoma. Oriundo do excesso de exposição ao sol, esse tipo surge nas células produtoras de pigmento da pele, os melanócitos, causando um crescimento anormal das mesmas. Isso acontece por causa das mutações induzidas do DNA das células, quando em contato com a radiação ultravioleta do sol.
— O câncer é parecido com sinais de pele, apresentando modificações ao longo do tempo. A maioria apresenta cor escura, marrom ou preta, mas pode ser também cor-da-pele, vermelho, azul ou branco — detalha a dermatologista.
O diagnóstico tardio aumenta os riscos da doença, pois o tumor tem alto potencial para metástases, quando as células tumorais se espalham por outros órgãos.
Algumas descendências requerem mais atenção
Os afrodescentes precisam estar atentos à exposição solar também, apesar de serem mais favorecidos pelos efeitos protetores da pele escura, que filtra duas vezes mais a radiação ultravioleta B. Uma das variações da doença, o câncer de pele epidermóide, por exemplo, pode ter origem em áreas de inflamação e queimadura prévia.
— Ele poder surgir em localizações atípicas, menos expostas ao sol e com menos pigmento, como mãos, pés, unhas e mucosas. Além disso, são diagnosticados geralmente em estágios mais tardios e avançados, por atraso na suspeita da doença — ressalta.
A mesma atenção vale para pardos e filhos de outras descendências. Segundo Thaís, é possível que a cor de pele traga de herança, características genéticas e ambientais da pele clara e escura e possa apresentar tumores com características encontradas nos dois grupos.
Conheça os tipos de câncer de pele
— Não melanoma
São 134.170 casos até 2013, 62.680 homens e 71.490 mulheres*
> O carcinoma basocelular surge com o crescimento descontrolado das células basais da epiderme, a camada mais superficial da pele. É o tipo mais comum de câncer de pele e está associado à exposição solar cumulativa e também intermitente e intensa. Ocorre frequentemente em áreas foto-expostas de indivíduos com cabelo e olhos claros, e se manifestam como feridas que não cicatrizam, lesões avermelhadas brilhantes ou ulceradas, ou mesmo de aspecto cicatricial. Responsável por 70% dos diagnósticos, é o menos agressivo.
> O carcinoma epidermóide é o segundo tipo mais comum de câncer de pele e surge a partir de um crescimento anormal das células escamosas, presentes em praticamente toda extensão da epiderme. É causado principalmente por exposição cumulativa ao sol ao longo da vida. Apresenta-se como placas descamativas, crostosas, sangrantes, elevadas ou ulceradas, mais comumente em áreas foto-expostas.
— Melanoma
São 6.230 casos até 2013, 3.170 homens e 3.060 mulheres*
> O melanoma é a forma mais agressiva de câncer de pele e surge nas células produtoras de pigmento, os melanócitos, localizados na camada basal da epiderme. O crescimento anormal das células ocorre a partir de mutações no DNA dos melanócitos causadas pela radiação ultravioleta do sol, levando as células a se multiplicar rapidamente e formar tumores malignos. Os sinais de alerta são lesões com critérios do ABCDE (assimetria, bordos irregulares, múltiplas cores, diâmetro maior de 6mm e elevação ou crescimento) e sintomas como sangramento ou coceira. Representa apenas 4% das neoplasias malignas do órgão, apesar de ser o mais grave devido à sua alta possibilidade de metástase.
* Dados do Inca (estimativa 2012/2013)
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