Em artigo na revista Journal of Clinical Oncology, os pesquisadores disseram que suas conclusões podem levar no futuro a exames preventivos para o papilomavírus humano (HPV), o que permitirá que médicos identifiquem pacientes sob risco elevado de cânceres orais.
Até agora, não se sabia se esses anticorpos estavam presentes no sangue antes que o câncer se tornasse clinicamente detectável, disse Paul Brennan, da Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer (AIPC,ligada à OMS), que comandou o estudo e descreveu as conclusões como muito encorajadoras.
Se esses resultados se confirmarem, futuras ferramentas de triagem poderão ser desenvolvidas para a detecção precoce da doença, afirmou ele.
O HPV é mais conhecido por causar cânceres genitais e de colo do útero, mas ele é também responsável por um número crescente de casos de boca e garganta, especialmente entre homens.
Neste mês, o ator norte-americano Michael Douglas revelou que o câncer de garganta que o acometeu foi causado pelo HPV transmitido via sexo oral.
Segundo a AIPC, cerca de 30 por cento de todos os cânceres orais estão relacionados ao HPV, principalmente a cepa HPV16. Duas vacinas, fabricadas pelos laboratórios GlaxoSmithKline e Gardasil, podem prevenir contra a infecção.
A nova pesquisa, que teve participação de institutos da Alemanha e EUA, usou dados de um grande estudo chamado Epic, que envolve 50 mil pessoas de dez países europeus, monitoradas desde a década de 1990.
Os pesquisadores observaram que, de 135 pessoas do estudo que desenvolveram câncer, 47 (cerca de um terço) tinha anticorpos E6 contra o HPV16 até 12 anos antes do surgimento de sintomas da doença.
Por telefone, Brennan disse que quanto mais precoce for a detecção, melhor o tratamento (contra o eventual câncer) e maior a sobrevivência.
O exame usado no estudo é relativamente simples e barato, e pode ser desenvolvido como uma ferramenta para uso mais generalizado dentro de cinco anos, caso os resultados se confirmem em novos estudos, acrescentou ele.
Brennan alertou, no entanto, que é preciso melhorar a precisão dos testes, já que houve na pesquisa cerca de um por cento de falsos positivos para o anticorpo do HPV16.
Fonte: Exame
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